
O Cohousing
“A casa de uma pessoa é o seu castelo. Mas alterações demográficas e sociais transformaram os nossos castelos em ilhas. Como é que podemos reconquistar os traços distintivos de uma comunidade tradicional – a família, a cooperação entre os seus membros, bem como o sentimento de pertença – dentro do contexto da vida do século XXI?”
Kathryn McCamant & Charles Durret in “Creating Cohousing: Building Sustainable Communities
A Economia Colaborativa (ou de Partilha de Recursos) que está a revolucionar diversos setores, como o dos transportes (a Uber, a Free2Move, as bicicletas Gira, …), do turismo (Airbnb), bem como a introduzir novos conceitos de trabalho como o coworking – surgido em tempo de crise económica e porque, atualmente, muita gente não precisa de mais do que um telefone e um computador com acesso a internet para trabalhar, valorizando antes os contatos interpessoais (networking) – começa também a encontrar soluções no setor da habitação, nomeadamente quando se verifica uma subida significativa de preços do imobiliário, que afetam muito diretamente a qualidade de vida das pessoas, das mais variadas formas; e nestes tempos únicos e desafiantes, os confinamentos prolongados a que fomos sujeitos obrigaram-nos a refletir sobre o “peso” da solidão, a falta de contato interpessoal e a ocupação do tempo …
O cohousing consiste numa comunidade intencional de habitações privadas, agrupadas em torno de um espaço comum que funciona, na realidade, como um complemento daqueles. Cada habitação dispõe de uma estrutura tradicional, incluindo uma cozinha privativa. Os espaços partilhados incluem tipicamente um edifício – a “Casa Comum” – que deverá incluir uma cozinha e uma sala de jantar e de estar ampla, bem como um espaço recreativo, entre outras divisões. As áreas partilhadas exteriores podem incluir jardins, recintos desportivos, piscinas, áreas agrícolas e florestais, etc.
As famílias têm rendimentos independentes, vidas e espaços privados (daí a distinção de uma “comuna”), mas os vizinhos cooperativamente planeiam e gerem as atividades comunitárias, bem como os espaços partilhados.
O objetivo final do cohousing é aproximar os residentes (resgate do sentido de viver num verdadeiro “bairro”, como no passado!), diminuir o custo de vida, promover o sentimento de partilha e reciclar recursos finitos. Será uma forma de compensar os efeitos da alienação do estilo de vida moderno onde os vizinhos mal se conhecem e onde a cooperação e interação no dia-a-dia é praticamente nula. Oferece benefícios especiais para as crianças, em termos de segurança do seu espaço de recreio e partilha de atividades com outras crianças; mas também as pessoas mais idosas podem encontrar nestas comunidades um maior companheirismo e apoio mútuo na sua vivência diária.
O processo de tomada de decisões é, sempre que possível, realizado pela via consensual. O voto deixa por vezes uma minoria significativa de pessoas frustrada e marginalizada. O consenso, por outro lado, é um processo de tomada de decisões que contribui para que a opinião de qualquer membro seja considerada e valorizada e as decisões tomadas sejam mais facilmente aceites pelas pessoas envolvidas.
Uma das grandes vantagens, para além do grau de interação social, é que mais do que ser proprietário, pode-se ter acesso a um conjunto amplo de bens e serviços, que num contexto meramente individual seria mais difícil de conseguir.
Por outro lado, a saúde fica bastante beneficiada num regime de cohousing, uma vez que está provado (Fonte: Towergate Insurance – UK) que as pessoas que vivem isoladas:
- Aumentam o risco de demência e de ataque cardíaco,
- Comportam uma maior probabilidade de fumar e de ganhar peso, bem como de fazer exercício físico com menor regularidade,
- Aumentam o risco de depressão em 80% (para as pessoas em idade laboral).
A brochura aqui apresentada e produzida pela UK Cohousing Network transmite-nos uma ideia resumida do que significa o cohousing e em que se traduz.
O cohousing é mais do que uma boa ideia! É uma tentativa consciente de encontrar um estilo de vida melhor – para nós, para os nossos vizinhos, para a nossa sociedade e … para o nosso planeta! ☺
Porquê escolher
cohousing?
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cohousing?
SOLIDÃO
A solidão é endémica e arruina a sociedade moderna. Uma pesquisa da Jo Cox Loneliness Commission revelou que mais de 9 milhões de pessoas no Reino Unido (quase um quinto da população) sentem-se frequentemente, ou sempre, sozinhas.
A interação comunitária e a vida partilhada são características do modelo de cohousing.
Carl Makin – GMHA (GreaterManchester Housing Action)
COMPANHEIRISMO
Já ouvi os meus amigos dizerem isto, e talvez você também tenha ouvido – ou talvez tenha mesmo dito também: “Devíamos morar juntos quando envelhecermos!”
… a conversa entre amigos constitui muitas vezes o início de uma comunidade de cohousing …
Denise Logeland and SCAN Foundation
PRIVACIDADE
Viver em cohousing é experimentar a vida em comunidade. Mas será outra forma de “comunidade intencional”? Sim, achamos que sim, mas com uma estrutura de propriedade diferente.
… o cohousing é uma forma de as pessoas darem um passo significativo em direção à vida em comunidade, sem, no entanto, abrir mão da sua privacidade ou do controle sobre as suas vidas particulares.
The Cohousing Handbook – Chris & Kelly Scotthanson
ESTILO DE VIDA
Cohousing é uma aspiração de estilo de vida! Escolhemos o cohousing tanto pelo que é, quanto pelo que acreditamos que possa ser. O cohousing aumenta a alegria e a vontade de viver!
Cohousing Association of the US
O Local
“É preciso uma aldeia para educar uma criança”.
Provérbio africano com origem nas tribos Igbo e Yoruba

ALTAR DA ERMIDA de Nª Sra da Guia

CAMPO DE FUTEBOL e Aldeia do Furadouro

EUCALIPTAL Norte da Quinta

SOLAR DO SÉCULO XVIII Fachada e Entrada Principal
A Quinta da Arroteia é uma extensa propriedade familiar, basicamente agrícola e florestal, situada no concelho de Torres Vedras, com uma área atual de 11,5 hectares. Incorpora um Solar (atualmente em ruínas), que se acredita tenha origem no final do século XVIII, na orla da aldeia do Furadouro, na União das Freguesias de Runa e Dois Portos (2.787 habitantes – Censos 2021). Esta propriedade foi sendo sucessivamente fragmentada e alienada por lotes, perdendo assim muito da sua grandeza original – diz-se que no século XVIII, os Fidalgos da Quinta ofereceram à povoação a Capela, erguida no centro da aldeia.
Tem uma localização privilegiada, distando cerca de 10 km de Torres Vedras, 25 km da Praia de Santa Cruz, 28 km da Ericeira e 50 km de Lisboa, sendo servida (com uma saída próxima) pela autoestrada A8. A 5 minutos de distância, no Turcifal, encontra-se o DOLCE CAMPO REAL LISBOA (by Wyndham), um condomínio habitacional, que inclui um hotel de 5*, com um excelente campo de golfe e um spa, entre outras valências.
MAPA (google Maps)
Torres Vedras é uma cidade da região Centro – Oeste, com cerca de 25.000 habitantes e sede do maior município do distrito de Lisboa www.cm-tvedras.pt, com 405,89 km2 e 83.130 habitantes (Censos 2021), subdividido em 13 freguesias.
Ocupava a 22ª posição (em 2019) no “Portugal City Brand Ranking” (by Bloom Consulting), índice que avalia a atratividade dos 308 concelhos portugueses, para viver, visitar ou investir.
É uma região de terrenos férteis (a vinha é uma das fileiras mais representativas), com uma gastronomia rica, tempo ameno, boas vias de comunicação.
De referir que Torres Vedras é considerado um dos concelhos mais “verdes” do país, tendo conquistado o galardão ECOXXI 2019 e voltado a ver reconhecidas as boas práticas e políticas na área da sustentabilidade, colocando-se no top 5 dos municípios portugueses quanto ao índice ECOXXI (um projeto da ABAE – Associação Bandeira Azul da Europa).
O Projeto
“O que se nota há longos meses … é que as pessoas passaram a procurar casas com um layout diferente, com escritório, com espaço exterior e mais contato com a Natureza”
JLL in Expresso – Janeiro 21
A visão do projeto em análise teve a sua origem no loteamento realizado da parte urbanizável da Quinta em 2008. Embora se perspetivasse há algum tempo a construção de um condomínio com características distintas dos tradicionais, nomeadamente com um grau de integração e de interação superior entre os seus residentes – quase como que formado por um grupo de amigos que se conhecem de longa data e que querem viver próximos – foi um contato fortuito (mas privilegiado!) que conduziu aos conceitos e valores subjacentes ao cohousing, contribuindo então para o aumento do interesse sobre o tema, donde surgiu a decisão de empreender este projeto de transformar uma Quinta Senhorial centenária numa comunidade intencional, com propósitos de sustentabilidade e harmonia de relações humanas.
Afinal o que significará e como será viver na ArCo (“Arroteia Cohousing”)?
O primeiro ponto a ter em conta é que este não é somente “mais um” condomínio habitacional.
Claro que a perspetiva de viver num condomínio totalmente novo, confortável, moderno, com preocupações ecológicas (casas de madeira) e tecnologicamente avançado (eficiência energética, energias renováveis, compostagem e reciclagem de desperdícios, etc), espaços verdes (floresta e jardins), agricultura comunitária biológica, áreas de recreio infantil, recintos desportivos, com um Solar do século XVIII (reconstruído e renovado), com inúmeras facilidades (cozinha semi-industrial, sala de jantar e de estar amplas, adega, biblioteca, quartos de hóspedes, lavandaria, …), localizado na orla de uma aldeia, perto (mas não demasiado!) de centros urbanos (Torres Vedras a 10 minutos e Lisboa a 30 minutos), é seguramente agradável!
Mas este é um condomínio diferenciado, que abraça um conceito: o Cohousing (“Habitação Colaborativa”)! Onde todos os vizinhos se conhecem (MESMO! Ou seja, não apenas de um modo superficial …!) e cada um carrega o compromisso de dar atenção aos outros e de trabalhar em conjunto para que a pequena comunidade de 24/25 habitações funcione da melhor maneira nos termos a que se propõe e que por esse motivo atraiu os seus residentes!
Vale a pena atentarmos neste vídeo da estação de TV norte-americana PBS NewsHour sobre 2 comunidades de cohousing (na Dinamarca – Saettedammen – perto de Copenhagen, foi a primeira a nível mundial a ser assim constituída, com esse objetivo declarado, em 1972; a segunda, mais recente, situa-se no Massachussets, Estados Unidos) – “COHOUSING COMMUNITIES HELP PREVENT SOCIAL ISOLATION” (https://www.pbs.org/newshour/show/cohousing-communities-help-prevent-social-isolation) – para termos uma ideia de como o cohousing pode melhorar as nossas vidas!
Qualquer agregado familiar terá a sua habitação privativa e o grau de interação/participação nas atividades comunitárias (embora haja mínimos desejáveis a cumprir) depende somente de cada um! Não há imposições, no entanto existem algumas regras a ter em conta para não se desvirtuar os objetivos fixados!
Qualquer um deverá ter a sua responsabilidade na gestão da comunidade: seja na organização de eventos sociais e desportivos, nas refeições coletivas, na promoção turística, no funcionamento da biblioteca, na contabilidade e finanças, na manutenção e conservação do património, na assistência técnica, na limpeza e arrumação, no acompanhamento de crianças e de idosos, nas atividades agrícolas e florestais, etc! E todos precisarão de integrar o processo de tomada de decisões, seja de que ordem for!
Chegados a este ponto alguém dirá: “Mas isto …. é simplesmente horrível!”
Mas se optou por continuar a ler é porque a ideia de uma comunidade que se apoia mutuamente, onde cada um é valorizado por aquilo que é e pelo que traz ao grupo onde tem uma voz ativa, o seduz de alguma forma!
Isto é o COHOUSING! E já tem expressão significativa em países como a Dinamarca, onde atualmente cerca de 8% dos lares seguem este modelo habitacional. Noutros países europeus está a desenvolver-se em ritmo acelerado – no Reino Unido há já mais de 20 comunidades constituídas e em funcionamento e mais de 60 em processo de formação e desenvolvimento (em média, o prazo que medeia entre a ideia e a entrada em funcionamento de uma comunidade em cohousing, varia entre 7 e 10 anos, constituindo para já um objetivo do presente projeto a sua redução significativa). Em Portugal, o conceito começa agora a ser divulgado (nomeadamente na sua vertente senior) e a suscitar alguma discussão, sendo muito provável que este projeto seja o 1º do género (intergeracional e transversal) a constituir-se formalmente como um cohousing, pelo menos pensado e desenvolvido como tal.
Será este o tipo de vida que procuro?
Será que quero fazer parte de uma comunidade que:
· Deseja criar um ótimo lugar para viver e usufruir de uma qualidade de vida superior?
· Partilha os mesmos valores e incentiva a socialização entre os seus membros? (ESPÍRITO COMUNITÁRIO & SOCIALIZAÇÃO)
· Se importa com cada um dos seus membros? (COOPERAÇÃO & COMPROMISSO)
· Toma decisões em conjunto com base no consenso? (COMUNICAÇÃO ABERTA, BUSCA DE CONSENSO NAS DECISÕES)
· Proporciona, por vezes, refeições coletivas?
· Entende quando preciso de um tempo para mim próprio? (RESPEITO PELA ESFERA PRIVADA)
· Valoriza-me pelo que sou e pelo que faço? (EMPOWERMENT)
· Exige um certo grau de compromisso e dedicação de modo a preservar a gestão corrente da comunidade em conformidade com as expetativas criadas? (INCLUSÃO & DISPONIBILIDADE)
· Se preocupa com a sustentabilidade ambiental? (ECO-FRIENDLY, BAIXO IMPACTO AMBIENTAL, ECONOMIA CIRCULAR)
· Permite que as crianças brinquem no exterior em total segurança, em zonas sem circulação automóvel? (VIDA SAUDÁVEL E SEGURA)
· Beneficia da partilha de um conjunto alargado de equipamentos e facilidades desportivas e recreativas, retirando daí vantagens ecológicas e sociais? (PARTILHA DE RECURSOS, VALORIZAÇÃO DO TEMPO LIVRE, PRÁTICA DESPORTIVA)
· Está localizada na orla de uma aldeia mas não muito longe de uma área urbana? (ABERTURA AO EXTERIOR)
São tudo questões que têm de ser devidamente ponderadas e discutidas entre os membros do agregado familiar, mas se respondeu “SIM” à maioria das questões, então vai no bom caminho, pois já se percebeu que a adesão a um projeto deste tipo não é o mesmo que adquirir uma habitação tradicional! Aliás, mais do que a compra de uma habitação, está a aderir a um estilo de vida, porventura mais saudável e inclusivo!
Como forma de o ajudar a tomar uma decisão pode consultar através dos recursos disponíveis neste site, uma série de informações que lhe permitirá absorver e clarificar o conceito de cohousing e as suas implicações.